Expectativa é que mais de 70% de R$ 160 bi em crédito no ano que vem sejam direcionados para imóveis novos
São Paulo. Quem pensa em comprar, construir ou reformar imóvel terá à disposição R$ 160 bilhões em crédito no ano que vem. A estimativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) é 45,4% superior à projeção inicial da entidade para fechar 2011, de R$ 110 bilhões. Os números consideram recursos oriundos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A expectativa da Cbic é que mais de 70% desses recursos disponíveis serão direcionados para imóveis novos.
Sem crise
Segundo a entidade, a crise internacional não afetará a estimativa positiva do mercado, já que não há sinais de crise bancária no Brasil. Até outubro, já foram financiados R$ 65 bilhões com recursos da poupança, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Já os financiamentos que utilizaram dinheiro depositado no FGTS totalizavam R$ 27,2 bilhões até novembro. Juntos, os recursos somam R$ 92,2 bilhões e podem ultrapassar a previsão inicial da Cbic para 2011. Na avaliação do professor do curso de administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Paulo Roberto Faria, ainda existe espaço para o aumento do crédito. Enquanto o financiamento imobiliário corresponde a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil, outros países, como Chile e Espanha, registram uma relação crédito/PIB de dois dígitos.
Recursos limitados
No entanto, os recursos da poupança e do FGTS para os financiamentos são limitados, o que dificulta uma expansão ainda maior do crédito imobiliário. Esse problema já é discutido pelo setor, que busca encontrar outros recursos para futuros financiamentos.
"A previsão para o crédito é uma tendência natural do setor. Mas temos um sinal amarelo em relação ao cenário externo e não sabemos qual será seu verdadeiro impacto, que pode influenciar o mercado de trabalho e, consequentemente, o setor imobiliário", destaca Faria.
Em relação aos preços dos imóveis, o presidente da assessoria imobiliária Consult Imóveis, Eduardo Coelho, diz que os valores já bateram no teto. Para ele, haverá uma estabilização dos preços. "Quem pesquisar e achar um bom negócio não deve esperar porque o preço não deve cair", afirma.
Em relação aos juros para a compra da casa própria, a expectativa de Faria é que eles não sofram grandes variações em 2012 e devem se manter estáveis no curto prazo. Coelho orienta que o consumidor deve procurar entre os bancos a melhor taxa. "Um cliente antigo com bom histórico pode conseguir uma boa negociação", explica o presidente da Consult.
A Caixa Econômica Federal responde pela maioria dos financiamentos imobiliários e não trabalha com um cenário de redução do volume de crédito para os próximos anos. O banco estima emprestar, só em 2012, cerca de R$ 100 bilhões.
Participação
5% é a relação entre o crédito imobiliário e o PIB no Brasil, enquanto em outros países, como Chile e Espanha, alcança dois dígitos
Fonte: Diário do Nordeste
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